quarta-feira, 30 de setembro de 2015


#RockNaSala:
 
O Punk Rock Versus o Fascismo no Reino Unido!
Em 1978 a preocupação da esquerda britânica era a expansão do National Front (partido da extrema direita) que recebera expressiva votação na eleição daquele ano. O NF arrebanhava seguidores entre os jovens desempregados e sem perspectivas que eram atingidos por mais uma crise do capitalismo em meados da década de 70.
O prestigio do National Front não era um fenômeno isolado, claro, logo as ideias ultraliberais de Fred Hayek, um economista da Escola Austríaca, triunfariam na figura implacável de Margareth Tatcher, semente do neoliberalismo.
Mas o NF era o braço radical dessa direita que se manteria hegemônica nos anos 80 e pregava a violência e a deportação des imigrantes, vindo das ex-colônias inglesas (jamaicanos, indianos, pakis).
Jovens pobres brancos segregando jovens imigrantes e descendentes.
Até os esclarecidos Eric Clapton e David Bowie, em momentos diferentes, corroboram com a onda direitista, o primeiro dando uma declaração desastrosa contra negros, vergonhosa mesmo, e imigrantes no meio de um concerto em 1976 e o segundo usando a saudação nazista no meio de uma das suas aparições marketeiras numa estação de metrô. O que um cara de origem sem grana, como o David Bowie tinha na cabeça?
Em 30 de abril de 1978 oitenta mil pessoas vindas de todo canto do Reino Unido marcharam de Trafalgar Square para o Victoria Park, local onde bandas de rock antifascistas fizeram um concerto espetacular.
Foi esse o primeiro “basta!”... O primeiro grito de resistência... Um contraponto ao avanço da direita.
O aparente niilismo e anarquismo inconsequente do punk se lançavam na luta concreta contra um inimigo palpável: o fascismo.
O concerto “Rock Against Fascism” reuniu The Clash, Buzzcocks, Steel Pulse, X-Ray Spex, The Ruts, Sham 69, Generation X, Tom Robinson Band , Patrik Fitzgerald. Música rebelde musica de rua era o lema.
O engajamento tinha tinturas estéticas, pois quase a totalidade dessas bandas buscou referências na música negra, nos ritmos terceiro mundistas, o que emprestou cores diversas ao punk e aos estilos derivados.
O RAR desencadeou uma série de outros concertos e estimulou o engajamento de várias bandas contra a onda fascista.
Uma boa lembrança para esse momento terrível e mesquinho que vivemos...
 
 
Dos Entendimentos & Compreensões de
Sérgio AVELLAR - Profissional Multimídia.
Comunicólogo com doutorado em "Master en Publicidad" pela Universidad de
Barcelona, onde se aprofundou sua tese sobre a "Cultura de Massas e a Perda das Identidades".
Autor e mantenedor da Rádio RockPuro, um formato exclusivo.
avellar@rockpuro.net
Release: http://rockpuro.net/sergioavellar.html
 
 
 
Obs.: Todas as obras publicadas na Sala de Protheus
são de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!
 

 

 

domingo, 27 de setembro de 2015

#Sentimentos:

O Medo e Suas Assombrações!


“... A maior prisão em que as pessoas vivem,
é o medo do que as outras pessoas pensam...!”
David Icke
 
O medo nos deixa impotente pela consciência certeira do perigo. O medo é tanto que até nos faz ter essa consciência, por vezes irracional, temerosa, medonha. Cara de receio, de desconfiança, de enxergar o que não se vê. Histeria que não se acha nem nosso pulso. Recalque inconscientemente traduzido em sintomas corporais que se exprime por manifestações de ordem corporal, sem que haja qualquer problema orgânico funcional. Medo que passa do campo da consciência para o do inconsciente, ao entrar em choque com exigências contrárias.

Vivemos constantes medos. Somos medrosos e amedrontamos. Se assim não fôssemos, não ouviríamos que devemos ser fortes, corajosos. Sentimos medos que fazem nossos olhos segregarem minúsculas gotas de água que descem pela face. Medo até da sombra.
Tinha muito medo das “histórias” assombrosas que ouvia. E numa manhã minha professora chamou nossa mãe até a cerca de braúna que dividia as propriedades. Seus olhos faiscavam suspense. Contou que seu marido chegou mais tarde da roça e viu um “Vulto” branco, sumindo por trás da sala de aula, no fundo do quintal. A coisa era de arrepiar todos os fios de cabelo da cabeça e do corpo e não mais conseguir dormir em paz. O pequeno povoado entrou em pânico. A notícia alastrou. Ninguém explicava coisa com coisa sobre e como era o tal Vulto, senão que estava de branco. Tenebroso dia!
O Vulto não saía da minha mente. Não conhecia este novo ser horripilante nem seu formato. O medo aumentando. Uma folha que caía da mangueira era motivo de encolhimento dos músculos, dos olhos e ouvidos atentos. Ao anoitecer, pus-me a matutar se deveria gritar correr ou jogar um porrete no Vulto, caso aparecesse. Hora de dormir e as dezenas de imagens do Vulto contraíam meu corpo de criança de forma pavorosa. O Vulto poderia ser uma espécie de bicho papão, uma fera do além, um dragão soltando labaredas de fogo, uma alma penada ou quem sabe a própria mula sem cabeça coberta por um lençol branco. Não sei se dormi ou se perdi os sentidos.

O Vulto continuava ali. Todos os dias eu olhava para o local em que supostamente o Vulto passou na tentativa de descobrir se ele saíra de debaixo do assoalho, se da estrada, mata ou apareceu igual fantasma. Precisava saber como era o Vulto, assim como, em qualquer lugar já identificava uma mula sem cabeça, que é claro, era uma mula que não tinha cabeça, que andava a cavalgar pelas estradas, ruelas, em volta da casa. Conhecia até o seu trotar noturno, perdida na escuridão, principalmente durante a quaresma. Sabia com detalhes sobre o ranger de dentes dos porcos, debaixo da escada, que apareceram para o compadre Chico. Eram bem gordinhos. Misteriosamente, na manhã seguinte estava tudo normal debaixo daquela escada da varanda.

Do lobisomem não tinha muito medo porque ainda era criança. O conheceria a léguas de distância. Com suas garras e grandes dentes, rasgava, puxava a roupa das moças. No dia seguinte algum homem dormiria até tarde e seus dentes estariam cheios de fios e pedaços de tecidos. Almas penadas era coisa séria. Não se brinca com isto.
Dia de Finados, fui também ao cemitério. Que cheiro gostoso de velas queimadas, aquelas borras escorriam formando verdadeiras obras de arte. As chamas entrelaçavam-se, ora de maneira esguia, ora arredondadas, com uma ponta fina. Olhava uma e outra, até que não me contive e comecei a juntar várias borras ainda quentinhas e com elas formar bichinhos, bolas, bonecas.
Ao final da tarde soube que as borras pertenciam às almas. Teria que devolver onde peguei, senão viriam buscar a noite. Meu Deus, misericórdia, “mianossinhora”... Fui subindo pelo caminho e um imenso medo invadiu meu ser, meu corpo tremia, chorava compulsivamente. Não sabia mais onde tinha pegado as borras nem como devolvê-las a cada alma. Desespero!
Pensei no padre passando para a igreja com aquela batina, estola roxa ou verdona bem forte, esvoaçante. A sua batina e o tal Latim trituravam meu pensamento. Lembrei-me das urnas fúnebres eram cobertas por tecidos, normalmente de cetim roxo; rosa, azul, branca para quem podia comprar e de outros mais baratos. Imagem que me matava de medo.  A tarde terminava e eu não tinha ainda devolvido tudo. Para meu alívio “e que nunca mais fizesse isso”, minha irmã rezou e coloquei as borras no cruzeiro central do cemitério.


Voltando para casa lembrei-me do Vulto. Sim, o Vulto voltou. Aquele pavoroso ser, que poderia aparecer em qualquer lugar, com cara de dragão, língua de fogo, misturado com a cabeça da mula, os dentes do lobisomem, a batina esvoaçante, os porcos debaixo da escada, a porteira que abria sozinha. O andar com esporas pelo assoalho da sala, o chicote assoviando no ar... Só podia ser o Vulto, com seu rosto, face, semblante sempre à espreita e aparência de pouca nitidez.
Chegando ao portão de nossa casa, aliviada das almas, perguntei como era o Vulto, que sorrindo, respondeu minha irmã: “Olha no dicionário”.
Não é possível que o tinhoso esteja até no dicionário! Pois está até hoje, não só lá como em cada esquina, ruas, estradas, jardins, palacetes, salões de festas, salas de reuniões, gabinetes, Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo e à surdina, sempre como um metal pontiagudo em nosso peito, entrando sem pedir licença, nos desestruturando a cada sentença, Decreto, Medida Provisória, Novas Leis, Deveres e deixando uma epidemia tetânica.
 
Das Percepções & Sentimentos
De Marilene Marques
Aposentada, Trabalhando com Voluntariado Social.
Região do Vale do Aço – Leste de Minas Gerais.
 
 
 
Obs.: Todas as obras publicadas na Sala de Protheus são de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!


quarta-feira, 23 de setembro de 2015


#SerieBrasil:

 

“… Ideologia do Dinheiro Público...!”
-Justiça Social –
  • And when you got money
    You got lots of friends
    Crowding round your door
    When the money's gone
    And all you're spending ends
    They won't be round any more
    No, no, no more
     
    Blood, Sweat & Tears – God bless the Child (*)
     
    Uma coisa desnecessária é estudar-se por cinco anos em uma faculdade de Economia, para se aprender que os “fluxos financeiros dentro dos programas econômicos” são meramente “partidas”, (as “entradas” são as receitas e as “saídas” são as despesas), na Contabilidade Nacional. Portanto, não estão subordinados à “masturbação ideológica”. Para que não restem dúvidas, estes conceitos vêm lá de 1494, por obra e graça do Frei Luca Bartolomei de Pacioli OFM, que ainda que fosse amigo de Leonardo da Vinci e contemporâneo de Nicolló Maquiavelli deles não recebeu influências, sendo somente parceiros na Renascença Italiana.
    Desde aqueles tempos imemoriais é sabido, “que o dinheiro não aceita desaforos de ninguém”, ou seja, o seu uso desregrado e perdulário, sempre acaba em “falência”. Não de uma “corrente ideológica de poder”, mas de “toda sociedade por essa corrente governada”. Esta é uma “pregação filosófica” desde os tempos da Grécia Antiga a partir de Platão em A REPÚBLICA, onde os pensadores preocupavam-se com a “justiça na Democracia”, dentro da qual se incluía o “uso justo do dinheiro público”.
    O “trato espartano do dinheiro público” era um princípio básico de “justiça social”, posto que submetido a critérios de moralidade, pontualidade e necessidade pública, subalterno ao “conceito da educação”, também chamada o “ócio digno”, que se destinava a estudar e difundir um conjunto de regras de convivência na “polis” e considerando o desenvolvimento do cidadão “física e espiritualmente”. Pois bem, se essa era a finalidade da “organização social democrática” proposta pelos filósofos gregos subentendemos que o “cuidado da riqueza da sociedade” tinha por objetivo exclusivo o “benefício socializado” dessa riqueza e desta maneira todas as políticas desenvolvidas sempre seriam “políticas sociais” beneficiando todo espectro social, inclusive os “escravos do estado”. Como se pode depreender, é impossível falar-se de “políticas sociais” sem se falar em Democracia, pois elas são a base do arcabouço legal das garantias básicas individuais, que se encontram descritas na CRFB, (Constituição da República Federativa do Brasil) e não no “O Capital” de Karl Marx. Aliás, essa é uma das grandes confusões que muitos teóricos fazem até hoje de misturar “política com dinheiro”.
    “Não existe dinheiro público, sem pai nem mãe. Existe dinheiro público tomado do cidadão”, dizia Margareth Thatcher, como que a manter o alerta permanente de que é a “contribuição individual coercitiva”, que “financia” todo e qualquer “plano político”, que só é moralmente aceito se “integralmente” em benefício do cidadão. O “poder” é o “fiel depositário” da “contribuição coletiva”. É assim que hoje funciona o “capitalismo democrático”, muito diferente daquele criticado por Marx no seu livro e para o qual o próprio Marx muito contribuiu na evolução.
    O Capitalismo Selvagem do Sec. XIX, vigente tanto na Europa, quanto nos USA, de jornadas de trabalho indefinidas, salários aviltantes, segurança zero e benefícios sociais nulos foi gradualmente mudado, graças à organização sindical democrática, a pressão da massa trabalhadora quanto a novos direitos, além da formação de partidos trabalhistas e socializantes.
    A “luta de classes” sempre existiu e sempre existirá na história da humanidade, pois se trata muito mais do que uma “luta por espaço”. É mais principalmente uma “redivisão espacial negociada” da pirâmide social, política ou beligerante por um novo perfil do poder social, econômico e político democrático. A “experiência socialista” com o “despotismo estatal esclarecido” de uma nomenclatura acabou por ter vida curta de menos de 80 anos e o maior sucesso experimentado pelo Comunismo é a experiência capitalista da China. O Brasil de cultura agrária e por ter tido seu desenvolvimento industrial mais importante sempre sob regimes ditatoriais, (Getúlio e Revolução 64), nunca chegou a desenvolver uma estrutura sindical de base e por isso sujeita ao “peleguismo histórico”. Até mesmo os “novos sindicatos” pós-revolucionários acabaram por constituir-se em simples troca de atores, mantendo-se o mesmo script. O brasileiro não foi ensinado a lutar pelos seus direitos e, principalmente,... Deveres.
    Entretanto, mudou-se para uma opção muito mais perigosa, pois a tolerância da mistura de “sindicalismo” com “partidos políticos” sob uma “bandeira socialista” só fez com que dentro da Democracia se criasse uma “nomenclatura”, que a exemplo dos países socialistas da URSS só gerou poder corrupto. Vide a Rússia de Putin, onde grassa a corrupção oficial mantida no poder por um “populismo barato” de folhetim.
    Aqui no Brasil, o PT preferiu embebedar-se de poder através do “dinheiro público” e tudo o que ele pode comprar e assim em vez de se fortalecer para a “natural alternância do poder” na Democracia, partiu para a tentativa de detenção permanente e exclusiva de poder, numa “ditadura democrática”. Para isso criou um processo de aparelhamento de cima abaixo da estrutura do estado. O plantio de uma “estrela vermelha” nos jardins do Palácio Alvorada, logo após a posse de Lula em 2003 por Dona Marisa foi a “senha”: Viemos para ficar... Em definitivo.
    A questão que se impõe neste momento é: caso Dilma renuncie, ou seja, impichada, o que acontecerá e quem comandará esse processo de mudança, que todos “exigem” nos dias de hoje? Como diz a lei de Murphy: Se as coisas correrem por conta própria, só irão de mal a pior!
    É isso, Brasil? Ou desta vez vamos colocar o “nosso” na reta, lutando por aquilo pelo qual muito falamos... Mas não lutamos...
     
    (*) Quando você acumula dinheiro
    Você junta também um monte de amigos
    Aglomerando-se à porta da sua casa
    Mas, quando o dinheiro se vai
    E tudo que te resta é gastar os restos
    Eles não estarão mais por perto
    Não... Não... Nunca mais!
     
    Das Percepções, Pesquisas & Entendimentos.
    De Antônio Figueiredo
    Escritor & Cronista –
    São Paulo – SP –
    Exclusivo para Sala de Protheus