segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Prefácio:
A Sala de Protheus tem recebido visitantes ilustres.
O Emérito Professor de SC  Nelson Valente; a Escritora do Pará Jane Di Lello, a Psicóloga, Professora e Poetisa Carioca Mônica Raouf El Bayeh e hoje meu sábio amigo e irmão de alma Patrick René com esta fantástica crônica.
Acomodem-se no sofá para esta leitura.


Quanto vale uma alma?
by Patrick Rene







“... A alma é essa coisa que nos
pergunta se a alma existe...!”.
Mario Quintana


Melhor coração partido que alma vendida!
Gosto de escrever essa frase sempre com ponto de exclamação.
Ela merece essa pontuação. É verdadeira, quem a professa, jamais se arrependerá. Acredito nisso.


Problema é que durante nossa caminhada, por essa vida, nesse caminho que se faz caminhando, sempre aparece alguém querendo por preço em nossa alma. E pior, com a certeza de que poderá levá-la. Triste engano. Minha alma, não está nunca esteve, jamais estará à venda. Algumas coisas na vida, de fato, tem preço. Seria tremenda hipocrisia afirmar o contrário, mas nossa alma, bem, essa esta sempre acima do valor de mercado, a minha ao menos, avalio assim. Valiosa alma.

Procurei uma definição de alma, mas todas, ou levavam a um caminho ortodoxo religioso, ou demasiadamente inclinado ao ceticismo. Ambas não me servem. Então resolvi descrever à alma como sendo a essência do ser, aquela que leva nosso caráter, nossa moral, ética, costumes, dons e aquilo em que acreditamos. Sou feito daquilo que acredito!

Quando falo que o não vender à alma parte o coração, não estou sendo dramático, ou escrevendo no estilo “eu lírico”, estou sendo literal. Não colocar nossas almas a venda, é certeza de coração partido, dilacerado, portador de dor crônica. É o preço cobrado para se passar por este mundo carregando à alma até o fim. Ou iríamos acreditar que isso também não teria um preço?

Só quem não vendeu sua alma, sabe o valor que ela tem, e, justamente por isso, não a consegue vender. Sabe que ninguém poderia pagar seu real valor. Outro fator importante, é que àqueles que insistem em comprar almas, já venderam as suas. Isso é demasiadamente importante!

Quem já vendeu sua alma, tentará comprar a de outras pessoas, a final, deve ser depois que se vende à alma, que se passa a sentir falta dela. Dói carregar nossa alma e não coloca-la a venda? Sim! Mas vale a pena. Como diria o dito popular: Vale a pena, se à alma não é pequena!

Pode ser que o ditado não seja bem assim, mas, me veio a mente dessa forma, então... Voltando ao assunto, descobri nos últimos meses algumas coisas novas sobre ela, à alma. Acabei virando um curioso sobre o assunto, descobri muitas coisas, dentre elas, que sempre que dizemos a alguém que nossa alma não esta a venda, este alguém, passar a nos odiar. Isso porque o aspirante a comprador já não possui mais a sua, e tem inveja profunda de quem ainda a tem.

A segunda coisa que descobri sobre a alma é que ela carrega de forma intrínseca o caráter, a dignidade e nossa moral. Quero abrir um parêntese aqui, e falar rapidamente sobre o que me refiro neste texto, quando falo em moral. Não estou falando de moralismo barato. Estou falando do conjunto. “Moral” vem do latim e significa “costumes”, gosto desta definição literal, pois a moral nada mais é do que o conjunto de costumes de uma determinada sociedade. Os romanos, buscando atribuir um significado mais amplo a palavra “ética”, tentaram atribuir a palavra “moral”, como significado de “ética”, e se procurarem no dicionário etimológico, encontrarão essa definição, mas aqui, fico com a primeira. De costumes.

Compreendida a questão moral, seguimos discorrendo sobre as descobertas relacionadas à alma – Quando estamos com o coração partido por carregar à alma, abrimos nossa mente para uma reflexão mais profunda sobre sua existência, sua importância, e seus significados. Isso é importante, não apenas carregar à alma durante toda nossa existência, mas sabermos exatamente do que somos feitos. Somos feito daquilo em que acreditamos! (repetição de frase).

Alguns que tentam comprar almas, já não acreditam mais em nada, e isso já os matou. Sim! Quem não consegue mais acreditar, já esta morto e não sabe. Só estamos verdadeiramente mortos quando nos furtam a esperança, não do verbo esperar, mas do verbo esperançar, como diria Paulo Freire. Fica a lição de que àqueles que tentam comprar almas, são dignos de pena e não de ódio, pois estão mortos e não sabem. Portanto com estes devemos usar de resignação, ouvi a palavra nessa semana, da boca de alguém sábio, e ao aprofundar sobre seu significado, achei valiosa palavra.

Portanto, aos vivos, de coração dolorido e que são donos de suas almas, um brinde a vida! Aos demais, nossos mais sinceros votos de pesar pelo infausto ocorrido.

Para esta alma evoluida chamada Patrick René, Pensar Não Dói...!

Obrigado Amigo!


Dos entendimentos & Compreensões de Patrick René
Diretor de Criação - Grupo Correio Regional
patrickrene@terra.com.br 
www.oblognalata.blogspot.com 
www.correioregionalrs.com.br 



sábado, 26 de outubro de 2013

Mônica Raouf El Bayeh é 
a Convidade de hoje da Sala de Protheus!




Culpa!
by Mônica Raouf El Bayeh





“... O homem pode suportar as desgraças, elas são acidentais e vêm de fora: o que realmente dói, 
na vida, é sofrer pelas próprias culpas...!”


by Oscar Wilde



A gente faz o que quer. Faz com culpa e tudo, mas faz.
Vou lançar um álbum de figurinhas. O tema é a culpa. Vai ter várias páginas. Para pais, amores, filhos, regimes e gordices, segredos, e por aí vai. Se forem descrever todas as páginas, perde o efeito surpresa e gasta o texto todo. 

Não gastaremos dinheiro. Tem pessoas que têm culpa de gastar dinheiro e não iam querer participar. Isso seria uma pena. Como todos têm um saco cheio de culpas, tiramos dele nossas figurinhas. Não ouso dizer que sai de graça, porque culpa sempre sai caro. Mas perceber que não sou a única a ter o álbum quase completo, já é bem terapêutico.
Funcionará assim:

- Você tem culpa de brigar com a mãe?
- Tenho muitas repetidas dessa.
- Quer trocar por culpa de fingir que não escuta?
- Esta já tenho, a página quase toda.
 - A sua é de pai, mãe, filho ou marido?
- Ih, de não escutar marido eu nem tenho culpa!
- E culpa de dizer que já está chegando e nem ter saído do no banho, você tem?
- Não, preciso dessa!

Fomos moldados em culpa. Temos culpa até de pensar. Culpa nos trava. Serve de algema social cuja chave foi jogada fora. Amarram-nos os pés, braços e outros lugares mais delicados. Imaginam que, dessa forma, vão conter os perigos soltos dentro de cada um. Cinismo. A gente faz o que quer. Faz com culpa e tudo, mas faz.
Culpas também variam social e sexualmente. ¨Prendam suas cabras porque meu bode está solto. Já ouviu essa máxima?

Com que orgulho pais anunciam que seu filho, viril e comedor, está nas paradas. Filho é bode solto. As filhas? Pererecas presas! Nada de pular livremente de brejo em brejo. Tem raciocínio mais torto e injusto que esse? Na nossa sociedade sempre os homens são sexualmente beneficiados. Para eles não há culpa. Vejam:
- Meninos se divertem com seu corpo? É natural.
Meninas não podem porque é feio. Culpa!

- Se comem todo mundo, são garanhões pegadores. Mulheres são galinhas, piranhas, vadias e cachorras. Culpa!
- Se traem é do instinto. Coisa de homem. Homem é assim mesmo. Mulher que trai é tudo o que já foi descrito acima. Culpa!
- Homem mais velho, “pega as novinhas”? É sortudo.
Mulher mais velha “pega os novinhos”? É uma velha sem-vergonha.
Será que não se enxerga? Culpa.

Culpas doem. Temos culpa de não amar tanto quanto deveria. Culpa por não estar tão perto quanto deveria. Culpa por não querer ficar mais perto do que já está. Culpa de desejar, de pensar de sentir. Ainda temos culpa por ter culpa. Ah, chega! Culpas deveriam ser politicamente incorretas.
 Os quereres não são logicamente determinados. São desobedientes, teimosos e insinuantes. Culpa por querer? Por não querer? Gostamos e não gostamos. Difícil gostar o tempo todo mesmo. Alguém tinha que contar isso para as pessoas. Tem dias que é bom estar perto. Noutros, gostaria de ter um armário para trancar as pessoas até que, eu ou elas, algum dos lados voltasse ao normal.

Todo corpo tem histórias para contar. Lutas, dores, amores, culpas. Tudo lá gravado. Elas ficam escritas em na carne e na alma. A moça que, de tão tensa, parece que não tem o pescoço. Ombro grudado na cabeça. O rapaz cujos ombros se curvaram para frente, tamanha a tensão. As culpas nos entalham couraças. Temos a esperança de que a couraça vá nos proteger quando nos sentimos em carne viva.

Couraças dão certo em vários animais. Mas conosco não. Porque cristalizam e exibem o que era para ter sido absorvido, absolvido, digerido esquecido, mas não foi. Raivas, culpas, ressentimentos. Afeto não elaborado se tatua no corpo. Instala-se e deforma: engorda, entorta, enfeia a pessoa. Ao invés de nos proteger, as couraças nos expõem. E exibem, sem dó, todas as culpas que temos.

Basta de culpa. Proponho uma greve. Colemos cartazes nas almas. Tampemos os ouvidos. Basta de censura. Nossas reivindicações mais genuínas:

- Por pensamentos livres voando soltos dentro de nós. Porque pensar não pode doer.
- Pelo direito de ser normal numa anormal normalidade.
- Pela tentativa de ser, sim, sempre e muito feliz!
Só assim a vida vale a pena!



Dos Entendimentos & Compreensões de minha amiga de alma
Psicóloga, professora e poetisa carioca,

Mônica Raouf El Bayeh – RJ – WWW.Twitter.com/monicabayeh 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013


Hoje Recebo Jane Di Lello na Sala de Protheus!



Saudade! Sonho! Solidão!

by Jane Di Lello




“...Todo mundo é capaz de dominar uma dor,
exceto quem a sente...!”
William Shakespeare


Estou com saudade de alguém especial, alguém que é um sonho, e que se transforma em solidão!
A saudade é como uma onda no mar; às vezes vem bem de leve, calma e agradável; às vezes vem em ondas tão violentas que mesmo não desejando o turbilhão é tão forte que nos leva ao fundo dos sonhos e da solidão.

Como senti saudade de alguém e do que nunca houve? Seria um sonho? Ou seria solidão?
Como alguém pode sentir saudade de alguém e do que nunca foi vivido?
É como me sinto hoje.

Com saudade! Cheia de sonhos! Mais em eterna solidão!
Morro de saudade dos sonhos que criei.
Choro de saudade das horas que imaginei.
Morro de saudade, e vivo na solidão dos afagos que não dei.
Choro de saudade das horas que não vivi.
Quero voa no tempo, ir para onde minha saudade, minha solidão e sonhos desejam me levar.
Um lugar nosso que nunca existiu.

A saudade é tanta que me sinto paralisada no tempo não vivido, nas lembranças desejadas.
Desejos incontidos.
Desejos criados no inconsciente.
Eternos sonhos, cheios de desejos e solidão.
Desejos de desejar você.

Saudades da presença que não existe.
Saudade dos beijos que nunca dei.
Saudade do abraço apertado com calafrios na espinha.
Como se pode sentir saudade de algo que não existiu?
Como pode ter solidão, desejos e fantasias de sonhos?
De sonhos, fantasias e promessa que são somente minhas?

Um amor somente meu, uma solidão tão forte que doí no coração.
Mas não se manda no coração, muito menos nos sonhos e na saudade.
Saudade não tem braço, mas como ela sabe apertar!
Saudade, sonhos e solidão sim, esquecer você... JAMAIS!

Pensar para Jane não dói... Já a Saudade...


Dos entendimentos & Compreensões de
Jane Di Lello – Escritora – Belém – Pará –
Exclusivo para a Sala de Protheus
www.Twitter.com/Jane_Di_Lello 



segunda-feira, 21 de outubro de 2013


#SOSEducação:

Apresentação:

Nesta semana reiniciamos nas redes sociais um projeto audacioso, a partir dos brasileses, daqueles que não tem autoridade. Fomentar como nunca a Educação no Brasil.
Para isso estamos publicando artigos e crônicas que levem o individuo a Pensar, Cada vez mais.

Queremos começar pelos professores: Seus simbolos, signos, significados...

Sim, Professor tem uma atividade que deriva do Latim professus, “aquele que declarou em público”, do verbo profitare, “declarar publicamente, afirmar perante todos”, formado por pro-, “à frente”, mais fateri, “reconhecer, confessar”. Trata-se de uma pessoa que se declara apta a fazer determinada coisa – no caso, ensinar.

Mais um Artigo do Eminente Professor e Jornalista Nelson Valente


Nasce, no limiar do Século XX, 
a Semiótica. 

  by Prof. Nelson Valente






Nasce, no limiar do Século XX, a Semiótica. Ao longo de quarenta anos, um homem, numa assombrosa quietude, havia construído, paciente e criteriosamente, uma ciência, que se tornou um legado para a Humanidade.
Este filósofo, chamado Charles Sanders Pierce, até poucas horas antes de sua morte, lutava, na verdade, pela criação da Lógica, com o estatuto da ciência.

Sua vida, no entanto, foi uma travessia dialógica consigo mesmo, pois nenhuma Universidade sequer o considerou como lógico e tampouco filósofo.
Não é de se espantar, porém, que só um ser humano capaz de lançar-se numa aventura bem sucedida, rumo ao conhecimento pleno de 2500 anos de cultura filosófica, fosse capaz de conduzir-nos à criação de uma filosofia científica da linguagem: a Semiótica.

Charles Sanders Pierce não foi um homem de seu próprio tempo, mais foi o homem que desvendou a amplidão científica para todos os tempos.
A semiótica, cada vez mais, vem sendo utilizada no campo comunicacional como método de pesquisa nas mais diversas áreas, seja nos estudos das linguagens musical e gestual, da linguagem fotográfica, cinematográfica, pedagógica e pictórica, bem como pela linguagem poética, publicitária e jornalística.
Assim, fica cada vez mais evidente a necessidade de se compreender a relação do homem e a infinidade de signos existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana tem se multiplicado em várias formas e novas estruturas e novos meios de disseminação desta linguagem têm sido criado.

Agências de espionagem referem frequentemente aos seus vários tipos de coletas de inteligências com o sufixo "INT", tais como "SIGINT" para coletar inteligência de sinais ou comunicações, e "HUMINT" para a inteligência humana, ou espionagem, através da Semiótica.
Cientistas norte-americanos, já no início da década de 80, descobriram uma onda cerebral que lhes permitiu observar o funcionamento da mente e até da consciência. Esta sutil onda cerebral só aparecia quando o indivíduo descobria uma falta de sentido no final de uma frase comum (“A faxineira varreu o chão com réguas”). A onda aparecia registrada numa tela logo que a mente reagia ao absurdo. Trata-se então de uma sutil assinatura elétrica da mente humana, relatada pelo doutor Steven A.Hillyard da Universidade da Califórnia. Estes sinais que acompanhavam processos mentais específicos foram chamados event-related-potencials (ERPs).

A citada experiência científica comprova hoje, mais do que nunca, que, além de a vida do homem moderno ser regida por signos, os meios de comunicação empenham-se numa luta contra a esteriotipação da linguagem diária, uma vez que, quanto mais previsível for uma mensagem, tanto menor será a informação dessa mensagem. Isto não é nenhuma novidade. Compara-se a frase comum como “Ponha um vaso sobre a mesa” com a famosa e  bem antiga frase de propaganda “Ponha um tigre no seu carro”.

As mensagens criptográficas foram usadas nos anos 60 também como recurso de publicidade: no L.P. “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, lançado pelos Beatles em abril de 1967 na Inglaterra, e em outros long-playings subsequentes, havia uma série de “pistas” que indicavam uma suposta morte de um dos componentes da banda, Paul MacCartney. A capa do LP, que é uma verdadeira obra artística de montagem, apresentava uma série de índices e ícones como a mão espalmada sobre o cabelo de Paul (indicando parada) e, dentre numerosas fotos, a do poeta da morte, Edgar Allan Poe.

O cérebro do homem é uma máquina hiper-complexa que, embora com funcionamento globalizante, é inteiramente fracionado em suas funções, as quais vão desde a lembrança do nome de um amigo até as de resolução dos problemas mais intricados da vida de uma pessoa. O cérebro tem perto de trinta bilhões de neurônios, uma parte dos quais especializados, outra a ser desenvolvida ao longo da vida, conforme a vivência de cada pessoa. Há neurônios capazes de identificar cores; outras formas; alguns movimentos.

Os dois hemisférios cerebrais apresentam características diferentes. O esquerdo encarrega-se das atividades lógicas, verbais e matemáticas: respeita a sequência, nomeia, encaixa, verifica linearmente, analisa, conceitua, usa signos linguísticos, considera importante a sintaxe. O direito processa as imagens e a intuição: vê similaridade (é analógico), é emoção, busca os paradigmas e rejeita os sintagmas, usa signos icônicos (navega melhor no ”Windows” do que no ”DOS”, enxerga diversas informações ao mesmo tempo (simultaneidade)).

A mente ocidental tende para o pensamento linear e a mente oriental para o pensamento em imagens. Os orientais utilizam intensamente os dois hemisférios cerebrais, uma vez que o idioma japonês é composto de ideogramas que correspondem a sons. Quando lidos, a “imagem” ou desenho do ideograma é processado pelo hemisfério direito, enquanto o som correspondente ao vocábulo é interpretado pelo esquerdo. O mundo ocidental, reduzindo tudo ao discurso lógico ou ideológico, acabaria com o lobo direito do cérebro atrofiado. Cremos nós que com a “invasão dos ícones” em todas as grandes cidades do ocidente, sobretudo nas mensagens publicitárias, nos videoclipes, nas navegações pelo cyberspace (rede mundial de informação eivada de ícones), quebrar-se-á a “ilusão de contiguidade” e o mundo inteiro se orientará.

Tudo no mundo de hoje parece girar em torno da “informação”. As abordagens novas não se referem tanto à capacidade que o homem pós-moderno tem para aproveitar adequadamente suas potencialidades cerebrais. Fala-se em “revolução digital”, traduzindo-se a como competência para acesso à informação. Ora o simples acesso à informação não se traduz por conhecimento. Haverá talvez necessidade de, num futuro próximo, automatização interpretativa do volume de informações que chegam até nós.

Desde os primórdios da humanidade, buscam-se explicações para o processo do conhecimento humano. Muito cedo, pensadores da antiguidade formularam hipóteses e geraram teorias que definiam a expressão humana como um processo representativo de suas formas de ver o mundo. Assim descobriram o signo, conceituaram-no e o decompuseram na intenção de, desta forma, compreender o conhecimento humano.

A investigação semiótica abrange virtualmente todas as áreas do conhecimento envolvidas com as linguagens ou sistemas de significação, tais como a linguística (linguagem verbal), a matemática (linguagem dos números), a biologia (linguagem da vida), o direito (linguagem das leis), as artes (linguagem estética) etc.

Creio que agora podemos divisar, na História da Cultura, a ocorrência de um processo gradativo de abstração sígnica que vai do ícone ao símbolo (segundo a graduação das categorias de Pierce), pois o desenho da pedra mencionada anteriormente é um ícone, bem como o desenho da cabeça de um boi para representar o boi é índice do boi. O índice, segundo Pierce, está fisicamente conectado com seu objeto, ambos formando um par orgânico. O desenho, enfim, da cabeça de um boi, feito nas paredes de uma caverna pelo Homo Sapiens, é em si um ícone, mas, como tem o objeto (boi) uma conexão de contiguidade (proximidade física), tornou-se um índice naquele momento. Poderá passar, no transcorrer dos séculos, porém, na escrita pictográfica, o símbolo. Como se viu, confirma-se a hipótese: primeiro veio a similaridade, depois a contiguidade.

A Semiótica, sabemos, está bem perto da origem da vida, uma vez que, sem informação e energia, aquela última não existe. Presume-se que o Universo tenha quinze bilhões de anos e sabe-se que ele não é somente este punhado de estrelas que vemos no céu à noite, quando não poluição. Apenas na nossa galáxia há 250 bilhões de estrelas; o que vemos é parte dela e há bilhões de galáxias no Universo.
Passaram-se a existir seres vivos na Terra, após o “Bing-Bang”, grande explosão de toda matéria universal, foi graças às fusões nucleares do interior das estrelas. Muito tempo deve ter passado até que nosso sistema planetário tivesse esta trajetória estável e talvez um bilhão de anos até o aparecimento de moléculas orgânicas sobre a Terra.

A descoberta do código genético revela-nos a vida como linguagem. Na análise da evolução da molécula de ADN (ácido desoxirribonucleico), substância universal portadora do referido código, percebeu-se que aquela é capaz de armazenar informações mediante uma linguagem entre átomos. Esta linguagem é valiosa e legítima para todos os seres vivos, chamados “máquinas químicas” que perambulam sobre a Terra.

A vida, portanto, depende de informação que, por sua vez, coordena a energia-geradora dos processos dinâmicos no meio biológico. O homem é um universo em miniatura. As vibrações de energia existentes no Cosmo também existem em cada célula do corpo e da mente do ser humano. Cada célula cumpre sempre o papel que deve cumprir no instante biológico exato. Segundo Crocomo, cada molécula tem de saber o que as outras moléculas estão fazendo e cada molécula deve ser capaz de receber mensagens, devendo, por assim dizer, ser suficientemente disciplinada para obter ordens e em muitos casos transmitir mensagens.

Já neste ponto, é importante ressaltar que a biologia moderna se compõe de dois grandes ramos: a biologia molecular ou celular e a biologia evolutiva. A cronologia cósmica, a natureza foi conseguindo estocar mais e mais informações na molécula de ADN, e assim conseguiu organismos mais e mais complexos na escala evolutiva.
Se pudesse perguntar a Pierce sobre os fatos da História que ninguém conhece, por estar perdido na noite dos tempos, ele nos responderia com inúmeras indagações:
Deixarão essas coisas de realmente existir por inexiste qualquer esperança de o nosso conhecimento alcançá-las?

Depois da morte do universo e depois de a vida ter cessado para sempre, não continuará a colisão de átomos, conquanto já não exista espírito que possa notar isso? E responderia: Há uns poucos anos, não sabíamos de que substâncias são constituídas as estrelas, cuja luz para atingir-nos pode ter exigido tempo superior ao da existência da raça humana. Não se pode dizer, enfim, que haja uma questão que não possa vir a ser resolvida. Seja o que for que pensemos, temos presente à consciência ou sensação, imagem, concepção ou outra representação, servindo de signo. Mas segue-se da nossa própria existência que tudo aquilo que nos é presente constitui manifestação fenomenal de nossa pessoa.

Para o professor Nelson Valente Educação é a base de todo individuo.


Para a Sala de Protheus
Das pesquisas e Pensamentos de Nelson Valente
professor universitário, jornalista e escritor – Blumenau – SC -