sábado, 31 de outubro de 2015


#HistóriasDaVidaReal:

 Era Uma Vez um Gato...
Se eu amo gatos??... nãoo...
são eles que me amam!

Adriana Brito

 Minha mãe detestava gatos, dizia que a faziam lembrar tempos difíceis, passados com os pais e uma irmã em uma pensão do Catete. Devem ter sido péssimos mesmo, porque em sua casa não entravam bichos.
Foi prevendo a reação negativa que decidi avisar que tinha acabado de ganhar um gato siamês de dois meses quase na hora de embarcar no ônibus, de Brasília para o Rio de Janeiro. Aos doze anos, achei que havia adotado a estratégia perfeita para evitar que minha mãe me obrigasse a devolver o filhote fofo e, ao mesmo tempo, dar a ela um dia e meio para extravasar sua cólera de alagoana nativa em Escorpião bem longe de seu alcance.
- O queeeee? Você ganhou o que? Pensei ter ouvido “gato”.
- Alo-o mamãe, a ligação vai cair nos vemos depois de amanhã. Beijos.
- Beatriz, não ouse deslig...tu-tu-tu.
 
É eu era uma peste, mas fui bem castigada. O Toulouse – batizado em homenagem ao desenho Aristogatas, tá rindo do que? Eu tinha 12 anos, lembra? - era pior e ninguém havia me avisado que gatos devem viajar em cestas fechadas, a dele era aberta. A mais bonita, fresca, cheia de laçarotes e aberta cesta que pude encontrar.
A viagem foi um horror, o belo gatinho fofo, que parecia uma bolinha branca com olhos azuis maravilhosos, virava um diabinho assim que eu fechava os olhos e partia como um foguete para arranhar os desavisados, que dormiam a sono solto, nas poltronas mais próximas. Pensando bem, minha mãe tinha toda razão em se irritar, ela foi xingada a viagem inteira.
Fora esse problema e um pequeno incidente na parada para o café da manhã, em que o gatinho fugiu do meu colo, se enfiou embaixo do ônibus e me obrigou a deitar no asfalto, para impedir que o motorista engatasse ré e fosse embora, assassinando o pobrezinho, foi tudo bem. E nem vou falar nada sobre a metade do ônibus que ficou torcendo para que ele abandonasse a mim e ao meu gato ali mesmo! Desembarcamos na Rodoviária Novo Rio: Toulouse mais fofo e pestanudo do que nunca, eu, um trapo; arranhada, descabelada, com a blusa de banlon transformada em cashmere, de tanto fio puxado.
Em casa, mal recuperada da viagem, ouço a batida da porta da frente, os passos zangados de minha mãe e a voz, se aproximando:
- Eu já disse, aliás, eu sempre disse que odeio, detesto, tenho horror de gato!!! Não sei como é que você teve o descaramento de trazer essa coisa para cá, mas vai imediatamente tirar ela da... Mas que coisinha mais linda! Como é bonitinho, já tem nome?
Bingo! O charme de Toulouse havia atacado de novo e ganhei a aposta com Edina, a cozinheira, que passara as duas últimas horas descrevendo os castigos que me aguardavam. Primeira parte do plano, ok. Mencionei que havia uma segunda? Melhor seria dizer um segundo, porque o plano era seduzir o segundo marido de minha mãe, mais conhecido como Henricão, que também odiava gatos – a família era estranha mesmo – e não parecia ser tão sensível ao belo quanto minha genitora.
Uma rápida reunião entre minha mãe, Edina, minha relutante irmã mais velha, Toulouse e eu, definiu a estratégia que seguiríamos enquanto desse. Tipo “vamos lá ver como é que fica”.
Toulouse teria livre acesso à casa durante o dia e seria entregue a Edina quando chegasse perto da hora em que meu padrasto costumava chegar em casa. Se nós nos distraíssemos o elevador avisaria, a cada vez que alguém abria a porta o deslocamento de ar era tão grande que balançava a porta de vidro da entrada, e lá ia o gatinho para a área de serviço.
Deu tudo certo, embora Henricão tenha começado a reclamar:
- Alguém no prédio comprou um gato que não para de miar. Uma desgraça, o bicho mia tão forte que parece até que está aqui dentro de casa, não me deixa dormir.
Ao que minha mãe, invariavelmente respondia:
- Gato? Não estou ouvindo gato algum.
E Toulouse, preso na área de serviço fazia um comício, manifestando toda a sua indignação por não poder circular à vontade. Ouvindo aquele carnaval Henricão, incrédulo, insistia:
- Não é possível que você não esteja ouvindo esse escândalo! Deve ser uma gata e estar no cio! Edina, você está ouvindo, não está?
- Não senhor, não estou ouvindo gato nenhum. Tem certeza que não é o rádio da vizinha?
O homem foi ficando calado, macambúzio, marcou otorrino para fazer teste de audição, com o tempo até desistiu de comentar os miados. Vergonhosamente sentimos alívio, não culpa. Havíamos conseguido convencê-lo de que o gato era imaginário, vitória!
Um belo dia, estávamos na sala, conversando na maior animação, enquanto Toulouse brincava com o chinelo de salto de minha mãe. O papo devia estar muito bom, porque não ouvimos a porta do elevador bater nem a do apartamento abrir. Quando levantamos o olhar, demos de cara com meu padrasto, imóvel, com um dedo em riste apontado para o meu gatinho, os olhos arregalados:
- Ahaaaaa! Um gato, eu sabia que não estava ficando maluco, tem um gato aqui em casa.
Silêncio mortal e constrangido. Minha mãe levantou, calçou os chinelos de salto alto, o que sempre a fazia andar como uma gueixa, ou como alguém que fosse se esborrachar a qualquer momento, pegou o Toulouse no colo, foi até a porta da cozinha, colocou-o para dentro e voltou sem dizer uma palavra. Sentou-se muito bem posta enquanto todos a olhavam cruzou as pernas, alisou o vestido, olhou para meu padastro e perguntou:
- Gato, que gato?

 Das Vivências & Alegrias
De Beatriz Ramos
Brasília – DF –
Arquivos da Sala de Protheus
 

 Obs.: Todas as obras publicadas na Sala de Protheus
são de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015


#SeriePatriotismo:


Brasil!

- A Valiosa Pérola Atirada aos Porcos –


“... Falar para hipócritas é lançar semente

em terra estéril; jogar pérola aos porcos...!”

 


 

Curiosamente porcos e homens são parecidos. A razão de gostarem tanto de uma lama deve-se ao calor que sentem. Sua pele não suporta altas temperaturas. Não usam protetor solar. O coxo fica de um lado e definem bem suas latrinas. Gostam de brincar igual ao homem, correndo no chiqueiro de um lado para o outro. Homens roncam como porcos ou porcos como homens. E quem com porcos se misturam farelos comem, diz o ditado. Os porcos pertencem à mesma família dos javalis de macias carnes. Os de orelhas em pé são hostis, bravios, enquanto os de orelhas caídas são dóceis. Encontrado em todo o mundo, o porco é um animal doméstico. Fornece basicamente carne e banha, e come praticamente de tudo, donde seu costume de revirar lixo à cata de alimento significa, também, indivíduo sujo, moralmente baixo, de mau caráter. O diabo. Bebedeira, embriaguez. Sem higiene, sujo. Que ofende a moral, o pudor. Imundo, grosseiro, torpe, imoral, obsceno. Malfeito - feito sem capricho. 


Dotados de certa inteligência no olhar fixo e faro admirável, soltos, livres adquirem pelos maiores que os porcos domesticados. Em países como a China e a Mesopotâmia porcos eram divindades. Já os judeus não comiam dessa carne. Chegou do Velho ao Novo Mundo, através do cozinheiro de Cristóvão Colombo, que deixou escapar alguns de sua panela. Numa vara encontramos o popular “cachaço”, porco não castrado, que serve como reprodutor, liderando. É dono de pelo menos todas as leitoas, enriquecendo o chiqueiro de porcos castrados para servirem de alimento ao homem. Portugueses já diziam: “Se queres conhecer seu corpo, mate um porco”. Pois bem, as semelhanças anatômicas estão no trato digestivo, nos dentes, no fígado, no coração e são acometidos de doenças como câncer, reumatismo e artrite. Tal qual o homem, tem apurado faro por alimentos fermentados. No Ceará é comum chamarem bebedeira/embriaguez de “porco”. Em Londres foram encontrados suínos domesticados até em camas, quando se deu a lei de “dessuinização” das casas e estes começaram a fuçar por todos os lados, até em frente ao Big Ben, à procura de comida. 


Serviram de ficção infantil, como nos Três Porquinhos; ao filme "Babe, O Porquinho Atrapalhado na Cidade”, e a muitas outras estórias e fábulas. Animais escolhidos para tomar o poder na fazenda do livro A Revolução dos Bichos. Napoleão e Bola de Neve, a dupla suína de tiranos, foram claramente inspirados nos líderes da Revolução  Soviética. Economicamente, um engenheiro que viveu na França do século 17 calculou que, em dez anos, um porco pode produzir seis milhões de descendentes e decidiu que não havia modelo melhor para ensinar a uma criança a juntar dinheiro senão em cofrinhos com formato de porcos. O centro financeiro de Nova Iorque deve seu nome (Rua do Muro - Wall Street) a uma paliçada que separava as fazendas de porcos do centro urbano. Sam Wilson, símbolo dos EUA, era um porqueiro. Quem diria Tio Sam?! Matematicamente, no Brasil seria um porco sustentado por cinco pessoas. Consideremos a atual carestia, o desgoverno, o aumento de impostos e de gêneros de primeira necessidade, de medicamentos, o caos da saúde, o previdenciário em que os porcos podem ter as mesmas doenças do homem: não deveríamos repensar este índice? Porcos tem faro para o subproduto da cerveja, bebidas fermentadas e se embriagam, embebedam facilmente, como no Ceará. São exímios localizadores de trufas, fungos subterrâneos, cujo quilo chega a 2.200 dólares no mercado de comidas finas. São homens porcos, porcos homens à caça de toda riqueza nacional, que fuçam tudo com seu apurado faro, cavam buracos, deixando verdadeiros rombos no país, dentro de chiqueiros, onde a vara está na lama, mesmo vestida da mais alta costura. Vara alimentada das mais finas iguarias que desfruta de toda sorte de bem estar. Uns fazem “o diabo”, outros são como cachaços castrados de capricho, que se embriagam e reproduzem com a imoralidade, com o obsceno, com a falta de pudor. Que fuçam até acharem trufas somente pensando em seu enriquecimento, capazes de adicionar riquezas altíssimas em pouco tempo. Trufas que também são trunfos para impor seus interesses, caso algum da grande vara ouse erguer sua queixada. 


Vara que escala o poder, como o caso do porco de 115 quilos pulando um muro de 1,80m que cercava um abatedouro, ganhando o apelido de McQueen, ou como a famosa leitoa chamada Pig 311, que saltou de um navio no mar. Comparações espetaculares, mirabolantes em contraste com a matemática de cinco homens por cada porco e a grande riqueza de uma vara, muito bem subdividida. Talvez o porco salteador devesse ganhar o apelido de Napoleão e à leitoa cairia bem Bola de Neve, de natureza ditatorial, tirana, revolucionária, malfeitora, que engorda facilmente, causando distrofia ao povo. Pig 311 nadou, sendo resgatada pelos donos de uma fazenda, ganhou 272 kg facilmente transformados em cifrões, mas foi estéril. Não venceu nenhum campeonato ou certame. Pig 311 e/ou Bola de Neve caiu na bandeja dos brasileiros sedentários de ilusões, plantadas também por um Napoleão, o porco fujão do “corredor da morte” que teve a vida poupada, após ser encontrado numa mata. Um verdadeiro porco do mato com muitos espinhos, por hora, tornando-se quase intocável como o fugitivo McQueen. De vida pregressa aguerrida, não sustentou nenhum porco, mas, sim, é sustentado pelos brasileiros. Outrora de falácias extremistas, se tornou manhoso, chorão, sensível, brincalhão. Este que, por “extensão de sentido”, faz “O DIABO” (derivação por extensão de sentido de: “PORCO” - Dicionário Houaiss), não como o “cachaço” que aumenta a produção para o crescimento dum chiqueiro e que leva alimento às mesas de povos, mas, sim, daqueles que se embriagam com a bebida do luxo e luxúria de negócios viciosos e dolosos. Verdadeiramente imoral, desacreditado, orelha em pé, ameaçador, agressivo, voltando às suas origens de pelos enormes. Vara revolucionária enriquecida por banqueiros, empresários, empreiteiros, doleiros, contemplando a muitos pela aprovação de leis irregulares para com as finanças do Brasil ou simplesmente a certa Jane que não se deixou apanhar sozinha de cabides, nos mostrando que cabides têm outras utilidades! 


A matemática está incorreta. São homens a perder de vista para o alto sustento de um porco, uma porca e toda a vara, filhos da mentira, com carne e banha entranhadas por ferozes olhares fixos, dentes e faro, que reviram lixos à cata de imundas leis desnorteando este Brasil. Brasil deitado em urnas, sem berço esplêndido, capaz de atirar aos porcos as mais valiosas pérolas e que a cada amanhecer contempla porcinos pisarem suas relíquias com os pés e, voltando-se de um lado para o outro, despedaçam ainda mais, um povo que sangra. Quanto pior a situação, quanto mais sangrados, quanto mais farelos comerem os brasileiros misturados aos porcos, melhor para os onívoros que estão sempre à procura de qualquer coisa que possa lhes trazer alguma vantagem. Domesticado Brasil, olhe de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez e veja como já se tornou impossível distinguir: quem é homem e quem é porco. 

 

Dos Entendimentos, Compreensões e Pesquisas de:

Marilene Marques, Mineira, Aposentada,
Trabalhando com Voluntariado Social
Região do Vale do Aço – MG.




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