terça-feira, 30 de julho de 2013

“Politicamente Correto?”
– Para Quem? –


  
"...A onda de vigília politicamente correta que assola o país
diz que não gostar das pessoas é algo imperdoavelmente antissocial.
Mas e quem finge gostar?
Quer dizer que ser dissimulado é politicamente correto...?"

Dos pensamentos do Café com Bobagens



Uma grande parte de nosso pseudoaculturamento é estadunidense. Fazer o quê? Desproporcionais educacionalmente, rendemo-nos aos que julgamos um pouco melhores ou mais fortes que nós próprios.
A década de noventa foi pródiga, no surgimento do “tal” do politicamente correto.
Lembro-me da atuação de Robin Willian, no filme Reflexos de uma Amizade, em que ele fazia o papel de uma espécie de “retardado”. 
Calma! Já explico: para os adeptos desta mania hipócrita que está na escala acima de dez da mediocridade da dita evolução cultural.

No próprio filme, Robim através de seu personagem diz a certa altura:
- Não sou mais retardado. Fui até os anos oitenta Depois eles mudaram o nome para “excepcional”, hoje sou “portador de necessidades especiais”.
Comoveu-me a autocrítica americana, através do texto do filme.

E foi desta maneira que nos tornamos exógenos na linguagem como forma de sermos, de certa forma, corretos. Mas o que é correto.
Corretíssimo é a educação básica que aprende o que cada palavra significa e seu uso ou utilização se torne empregada com destinação certa sem agredir o coração do outro.

Sem abusar da semântica, proponho um exercício para que façam comigo e sintam em que grau de hipocrisia chegamos ao tentarmos utilizar a linguagem (que desconhecemos quase que totalmente) e se tratando de Língua Portuguesa Brasilesa, sem mencionar o tal de (des)Acordo Ortográfico,(termo criado por Ricardo Santana) que felizmente ainda não entrou em vigor. Sim, pois falar errado no Brasil é lei.
Pois nossa língua é uma lei. Portanto se você falar errado é crime.
Quem fiscalizará com nossa educação?
Não precisa se preocupar em responder.

Assim herdamos o “loiro” dos estadunidenses, como sinônimo de pessoa lerda, que não pensa... Burra (sem ofender o quadrúpede ruminante que nada tem a ver com isso).
Porque a cor dos cabelos podem ser LOUROS. Loiro é subjetividade de pessoa que não pensa.
Aquela iguaria, para os que gostam muito de bolos ou doces necessita ter certo cuidado. 
Antigamente era apenas “nega maluca”. Cuidado. Hoje isso é ofensivo até para o bolo.
O correto agora é: “saborear uma afrodescendente com problemas mentais”.
Gostou? Claro que pode dar conotação, visto ter feito uma denotação.

Claro que não. Mas eis a hipocrisia do tal de politicamente correto.
O melhor amigo de meu amado filho, com quem cresceu com uma amizade fraterna, era um negro. Sim pretíssimo. E não tinha nenhuma diferença entre o louro de meu filho e o negro de seu amigo que era considerado um filho de alma.

Tenho uma amiga, que a trato por Rainha de Ébano. (o termo vem da mitologia grega de Perséfone, filha de Zeus e Deméter).  A rainha é representada ao lado de seu marido, num trono de ébano, segurando um facho com fumos negros. 

Sim uma negra linda, de coração divino. Mas não enxergo sua cor. No fundo sua alma deve ser mais branca que a minha
E nos os ditos brancos somos o que?
Pálidos? Como chamavam os índios do norte da América? Caras pálidas?
Não, somos caucasianos.

No dicionário, que é apenas uma coletânea de palavras utilizadas o termo está designado desta fora:
Brancos ou caucasianos são termos que geralmente se referem aos seres humanos caracterizados, em certo grau, pelo fenótipo claro da pele. Em vez de uma simples descrição da cor da pele, o termo "branco" funciona como uma terminologia racial, muitas vezes referindo-se restritamente às pessoas que reivindicam ascendência exclusivamente europeia.

A definição de uma "pessoa branca" difere de acordo com o contexto geográfico e histórico, várias construções sociais de brancura tiveram implicações em termos de identidade nacional, consanguinidade, ordem pública, religião, estatísticas demográficas, segregação racial/ação afirmativa, eugenia, marginalização racial e cotas raciais. O conceito tem sido aplicado com diferentes graus de formalidade e de consistência interna em disciplinas como: sociologia, política, genética, biologia, medicina, biomedicina, linguagem, cultura e direito.

Uma definição comum de uma pessoa "branca" é uma pessoa principalmente, ou totalmente, de ascendência europeia. No entanto, o termo é usado às vezes de forma mais ampla, de modo que se torna semelhante ao conceito da raça branca ou de pessoas caucasoides, que incluem as pessoas com ascendência do Oriente Médio, Norte da África e partes da Ásia Central e Meridional, que compartilham certas características fisiológicas e genéticas com os europeus, além da cor da pele.

Já no Dicionário do Politicamente Correto de H. Beard e C. Cerf, da L&PM Editora, vamos um pouco mais longe.
O que há num nome?" pergunta Shakespeare em Romeu e Julieta. Muita coisa, segundo os adeptos do Politicamente Correto, cujo vocabulário é a seguir apresentado.  

(...) É um modo de falar que supostamente não fere os sentimentos de pessoas pertencentes a grupos marginalizados ou desavantajados. Surgiu nos Estados Unidos, um país que tem uma longa tradição de defesa dos direitos humanos e, paradoxalmente, uma longa tradição de preconceitos: o país de Thomas Jefferson, mas também o país da Ku Klux Klan. Durante muito tempo tais preconceitos se expressaram na linguagem: um negro era um "nigger", um judeu, um "kike". (...)

Como diz um grande amigo: Toda escala geralmente tem uma intensidade de um a dez. No caso da mediocridade o Brasiles (sim nosso gentílico correto), chegamos muitas vezes até a vigésima casa.
Poderíamos ficar, aqui, descrevendo muitas páginas sobre o tal de “politicamente correto”, mas somente mais um exemplo:

Outro termo estadunidense, Bullying, cuja origem vem do anglicismo, bullying, é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos. Muito conhecido em nossas escolas.
Antigamente chamaríamos de jovens marginaisinhos ou tremendamente mal educados,

Mas como estamos nesta dita fase... Fico pensando no Politicamente Correto dos mais de 500 parlamentares que vivem como “nababos” – sim seres que vivem com grande ostentação, geralmente à custa dos outros.

Como vamos mudar isso. Com uma profunda reforma educacional. Com valorização profunda de nossos mestres, professores. Que eles retornem a serem dignos. Como é de sua natureza.
Enquanto isso, vamos pensar que não dói... Já cuidado com os termos que utilizar.

Afinal chamar alguém de gordo, pode te levar a prisão: Assim utilize sinônimos como: Você não é gordo, apenas tem o tamanho ideal para suportar um cérebro tão inteligente. Pronto. Você o chama de gordo e ainda o elogia. Cinismo?
E o que somos educacionalmente como povo? Cínicos! Simples.
Em Tempo: Escrito por um manco ou the lame, se julgar mais bonitinho. Ponto.
Viu? Você pensou... E nem doeu!


Das Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –


quinta-feira, 25 de julho de 2013


“Fragmentos!”




“... Assim, múltiplo e grande, ou melhor, universal é o poder que em geral tem todo o amor, mas aquele que em torno do que é bom se consuma com sabedoria e justiça, entre nós como entre os deuses, é o que tem o máximo poder e toda felicidade nos prepara, pondo-nos em condições de não só, entre nós, mantermos convívio e amizade, como também com os que são mais poderosos que nós, os deuses...!”

 O Banquete – Platão – 354 a C.


Segundo Edgar Amorin: “Existe, atualmente, uma grande rede espontânea de propagação de pensamento complexo”.
Entre nós, também. Pessoas buscam o inexplicável para “tentar” se posicionar como gente. Esquecem os sentimentos mais nobres. Porém os mais fáceis de serem convertidos em ação. Amar é razão. Razão é amar.
Precisamos, em termos de amor, também descobrir que “pensar não dói...”.

Os pequenos fragmentos do dia-a-dia, se juntados, constituem-se em valores primordiais deste “bicho- homem” tão carente de ações essenciais para o seu próprio coração. Com a mania de “juntar”, anotar, guardar, tudo que de bom meus ouvidos percebem, diariamente, pequenos fragmentos se tornam elucidativos do pensamento das pessoas que nos rodeiam.

Algumas convivem rapidamente. Outras estão conosco tanto tempo, no trabalho, na sociedade em geral, que vez por outra dizem coisas, diferentes. Balbuciam frases, que no fundo, tem sentido profundo. Senão para nós, para eles mesmos. Talvez seja a forma encontrada de ir fundo, muito fundo, da busca incansável do próprio “Eu”.

Mas elas vão. Destes acontecimentos fugazes algumas coisas devem ser divulgadas como forma de inteligência deste amável “bicho-homem”.

1.     Sonhar é sentir se realizar um sonho. É como viver coisas que nunca viveu. É sentir o que nunca sentiu. Alegria não é para todos, uma forma de viver, mas um motivo para a vida. Ter alguém com quem compartilhar os sentimentos não é para qualquer um, mas sim para todos. Todos os que querem Ter alguém, com a certeza de nunca perdê-lo.

2.     Existem pessoas sem sentimentos. Sem amor.  E por isso são “contados” como frios e desumanos. Mas o ponto em questão não é isso, mas sim como se encara um assunto. Como se vive com alguém desumano e sem amor e fazê-lo sentir o amor e a humanidade que existe em nossos corações. Embora, não seja imediato, mas há tempo para tudo, debaixo do sol. O tempo, inclusive, de amor.
3.     Homens permanecem fieis a seus caminhos na medida em que tais caminhos se ajustam às circunstâncias. Pois a sorte é uma mulher, sendo necessário, para dominá-la, empregar a força. Pode-se ver que ela se deixa vencer pelos que ousam e não pelos que agem friamente. O ato criativo traz novos prazeres e culminamos em um processo de realização.

4.     Já que de um modo geral, os homens julgam mais com os olhos do que com o tato. Todos podem ver, mas poucos são capazes de sentir. Todos veem a aparência feminina, poucos sentem o que realmente são. Se  pretender conquistar e manter, será sempre tido como honroso e elogiado por todos, os que se identificam com a vida e se alguém com o seu esplendor, beleza,  dedicação ousar, conseguirá.

Muitos destes fragmentos, figurativos, lembram “conselhos” do grande Maquiavelli, em 1492. Usados com imaginação para a decifração de sentimentos e de atitudes entre o bicho-homem, torna-se não manipulativo, mas especulativo. A tendência de explicação sobre as ações, principalmente, entre homem e mulher, já rendeu páginas e páginas, de romances intrigados, de tratados psicanalíticos, de dissertação psicológica, mas, sobretudo, é uma parte da evolução deste ser tão animalmente sofisticado, racional, e ao mesmo tempo tão instintivo.

As formas prazerosas de convivência transformam-se conforme as necessidades sociais. Em nosso tempo, parece, estamos buscando valores mais convincentes na relação do homem com a mulher. Muito mais de sentimento do que simples instinto de macho e fêmea. Muito mais de saber que amor é razão. Racionalizamos mais quando amamos. Pensamos menos quando não amamos. E este “pensar” não é simplesmente na forma de condução sentimental. Transforma-se em lubrificante para os neurônios. Talvez precisemos amar mais.  Mas, sobretudo, temos que pensar.

Tenham a certeza, não dói... Nada. Não tem contraindicações. Dá efeitos colaterais. Isto sim. Mas, sobretudo, não importa como: Ame. Seja gente.
Pode continuar sendo instintivo, mas racionalmente. Caso contrário terá contraindicações e grandes efeitos colaterais.

Vamos tentar?



Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –

www.konvenios.com.br/articulistas

domingo, 21 de julho de 2013


Criando Laços!




“... Se estamos sozinhos no universo?
Tenho certeza que existe algo olhando
para nós de algum ponto do universo...
Mas é esperto o bastante para se manter afastado...!”.

Das percepções de vida!

Gosto muito de um escritor chamado Wagner Borges. Adoro como ele poetiza frases com sentido. Pois a sente, sobretudo.
Adoro quando diz: Algo mais, uma luz... Um Amor!

Ah, bem poucos escutam a canção do espírito em seu próprio coração.
E, por isso, vemos tantas pessoas perdidas em si mesmas.
Esquecidas de sua essência espiritual, elas se deixam levar por aí...

E seguem batendo cabeça, sem noção de alguma coisa maior na vida.
No entanto, tudo tem um preço.  E esse é o mais caro de todos.
Sim, custa muito caro viver anestesiado diante de si mesmo.
Porque o vazio de consciência dói muito mais do que se pensa.
E nada do mundo pode completar um coração sem luz.
Nem homem ou mulher.
Nem dinheiro, bebidas ou posses.

Porque ninguém compra amor real ou consciência serena.
E não existe remédio algum que cure as feridas do coração.
E alguém que sequer conhece a si mesmo, facilmente perde o rumo.
Contudo, a canção do espírito permeia a tudo e a todos.
E, quem a escuta, sente algo mais, mesmo que nada possa provar.
Sim, algo mais... Uma Luz; um Amor; e alguns toques secretos.

Ah, quem sente o Sopro Vital do Eterno em seu coração, reconhece isso.
E, mesmo diante das provas do mundo, permanece fiel ao espírito que é.
E nem a iminência da morte pode tomar o Amor que está em seu coração.
Porque a canção do espírito fala de coisas que estão além...
E de outras, que estão dentro do próprio Ser...
Em sua essência.
E mais: fala de consciência.
E de estrelas que brilham nos olhos.

Ah, viver não é só comer, beber, dormir, copular, e um dia morrer.
Não é só isso, não.
Também é pensar, sentir e fazer o melhor possível.
Porque há algo mais, dentro e fora de cada Ser...
Uma Luz, um Amor...
E não dá para pesar ou medir isso, mas dá para sentir e se tocar.
Ah, dá sim! E ninguém precisa ver ou saber.
E, se o próprio coração sabe...
Então a canção é ouvida, em espírito...
Junto com a Luz e o Amor.

E não há dinheiro no mundo que pague isso.
E nem ninguém que explique.
Porque a canção do espírito fala do despertar da consciência.
Ah, isso não se explica, só se sente...
Uma Luz, um Amor e toques sutis.
Sim, algo mais...
Que transforma os olhos em estrelas e o coração em sol.
E que é capaz de ver o Divino nas coisas simples,
e o Eterno no transitório.

Há algo mais, dentro e fora, e além...
Uma Luz, um Amor.
E, quem ama, sabe.
E continua escutando a canção do espírito...
E ela fala de consciência e de que vale a pena viver, aqui e além...
Sempre!

P.S.: Eu nada sei dos mistérios do universo.
Só sei de mim mesmo, e olhe lá!
Mas, às vezes, eu escuto uma canção espiritual.
E ela fala de algo mais...
E eu a escuto em meu coração.
E, junto com ela, vem uma Luz e um Amor.
E alguns toques secretos.
E eu me sinto tão pequeno.
Porque eu sei que o Infinito canta...
E quando eu escuto, escrevo o que sinto.
Há algo mais... Sempre!
E eu não sei mais o que dizer.
Porque tem uma Luz aqui e um Amor.
E uma sabedoria interna, que me diz:
“Vive, ama, ri, estuda, trabalha, cresce e segue...”.
Não dá para provar, mas que tem algo mais... Tem sim...!
E pensar...Ainda não dói!


 Leituras & Pensamentos da Madrugada
Entendimentos & Compreensões
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES
www.konvenios.com.br/articulistas


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Civilidade!   




“... Mas qual a recompensa da virtude? E que recompensa foi prevista pela natureza para sacrifícios tão importantes como o da vida e o da fortuna, que frequentemente temos que fazer-lhe? Oh, filhos da terra! ignorais o valor dessa celestial amante...?”

David Hume – Ensaios Morais, Políticos e Literários – 1741  


 Não permitais que as injúrias e a violência dos homens, dizem os filósofos, vos façam agitar pela ira ou pelo ódio. Sentiríeis ódio do macaco por sua maldade, ou do tigre por sua ferocidade?  

Esta reflexão conduz-nos a uma opinião desfavorável da natureza humana, e tem como resultado a eliminação das aflições sociais. Tende, também, para extinguir todo remorso pelos crimes que cada um praticou, pois faz pensar que o vício é tão natural no gênero humano como os instintos, próprios, de cada espécie animal. Mas não é assim.  Eles vão adiante:

Todos os males derivam da ordem do universo, que é absolutamente prefeita. Ousaríeis perturbar ordem tão divina por causa de vosso próprio interesse pessoal?  
E Se os males que sofro provierem da maldade ou da opressão?
Mas os vícios e imperfeições dos homens também são abrangidos pela ordem do universo:

 A pretensão de querer criar uma discussão, de um ignorante ser, do inicio do século vinte e um, baseando-se nos textos de Plutarco, principalmente De Ira Cohibenda, não é mais nada do que pretensão. Porém, uma busca incessante de nosso próprio eu nos confins da natureza humana.

Num de seus mais importantes livros, Da Genealogia da Moral, Nietzsche insiste em como foi difícil e que custos teve, para o homem, a instauração da moral (ou mesmo, se quisermos de várias morais).

Em outras palavras, a moralidade não é um traço natural, nem legado da graça de Deus – ela foi adquirida por um processo de adestramento que terminou fazendo, do homem, um animal interessante, um ser previdente e previsível. Foi preciso que, pela dor, ele constituísse uma memória, mas não no sentido aparente de apenas não esquecer o passado: onde ela mais importa é quando se faz prospectiva, quando se torna como um programa de atuação – marcando o sujeito para lembrar, bem o que prometeu e o que disse, de modo a não o descumprir.

E Pierre Clastres, num artigo, chamado “Da Tortura nas Sociedades Primitivas”, retomou esta idéia, descrevendo os ritos de iniciação dos rapazes índios como sendo lições de memória futura, inscrição no corpo e na mente da lei da igualdade.

É desta maneira, também, que Norbert Elias em seu Processo Civilizador de 1939, pensa. Pode respeitar os costumes que se civilizaram (transparece até mesmo sua simpatia por eles), mas sempre tem em mente que o condicionamento foi e é caro.

Uma responsabilidade enorme vai pesando sobre o homem à medida que ele se civiliza. E isso tanto se entende à luz das torturas, físicas ou psíquicas, que Nietzsche havia identificado na origem da cultura, quanto à luz do que Freud diz, no fim da vida, sobre a própria civilização: quanto mais aumenta, mais acresce a infelicidade.

 Sabemos que este tema foi e tem sido bastante contestado. Em 1968, Marcuse, lança Eros e Civilização, Zahar Editores, 8ª edição 1981, que é justamente a primeira grande crítica dirigida à idéia de que o custo da Kultur está na infelicidade, no crescente recalcamento das pulsões cuja satisfação nos pode fazer felizes. É este um ponto a discutir, e sobre o qual duvido que haja resposta convincente, pelo menos por ora.

 Por enquanto, fica-se na assertiva de que Pensar não dói... E na resposta, a esta frase, uma amiga Psicanalista afirma: Mas as consequências do ato de pensar... Sim.
 Sempre é um novo tempo.
E, por favor, Sejam felizes.



Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
twitter.com/profeborto


domingo, 14 de julho de 2013

“Porque Nos Ofendem”?
- Greve dos Idiotizados -



“... Note-se que é preciso tratar bem os homens ou então aniquilá-los.
Eles se vingarão de pequenas injurias, mas não poderão
vingar-se de agressões graves; por isso só podemos injuriar
alguém se não temermos sua vingança...!”

Nicolló Maquiavelli


A semana que passou não se pode dizer que foi atípica, politicamente falando, mas foi no mínimo ofensiva ao bom senso. Àqueles que ainda pensam um pouco. Que necessitam daquele senso comum, que nos torna comunidade. Nos deixa um pouco mais civilizados, mesmo que ainda um pouco longe da verdadeira democracia.

Tenho uma amiga sábia a quem tenho o privilégio de chama-la de mestra, por suas convicções e por suas frases sempre bem colocadas quando o assunto é politica em nosso País.
Dia desses, mestra Marisa Cruz, “disse: “.. Máscaras derretidas, impostores ao vivo e em cores...!”
Tudo por ter comentado sobre a “falsa greve” organizada (não seria bem esse o termo) por centrais sindicais ou outros tipos que ainda se chamam  “entidades” em nosso país. Em um país civilizados elas não existiriam mais. Mas aqui, somos tão libertários que permitimos tudo. Até nos ofenderem.
Foi o que fizeram com a tal de “greve” da ultima semana.

Juntamente com outros 6 jornalistas de 4 estados combinamos de buscar informações o mais próximo que conseguíssemos e aproveitássemos as redes sociais para divulgar o que conseguíssemos. Confesso, não levei muita fé. Todos estes colegas estão desempregados, temia por suas integridades profissionais e suas éticas, as quais assino embaixo, e de suas dedicações a esta profissão que parece estar desaparecendo ou “comprada” de todas as formas em nosso país.

Assim organizamos sistemas para penetrarmos nessas greves. Utilizamos amigos de grandes empresas que pudessem nos ajudar até com dinheiro para disfarces, e passagens para ir até lugares onde não éramos conhecidos e não pudessem nos identificar.
Foi o que aconteceu. E descobriu-se:

Para entrar na tal de “greve” e segurar uma bandeira do tal de MST (que até hoje não sei o que significa) e partidozinhos com siglas tão insignificantes que sempre se juntam onde há ajuntamentos. Para isso homens ganhavam em dinheiro 30 reais. Mulheres 20 reais, crianças até 10 reais mais o almoço.

Tudo oque se precisava era fazer junções em pedágios, principalmente, em praças, em frente a prefeituras, câmaras de vereadores ou prédios públicos.
Vejam bem, estou falando do interior destes estados. Nas capitais já se sabe o que aconteceu.
E assim foram, muitos colegas com medo, recontrataram pessoas, e pagara de seu próprio bolso as despesas, o resto eles ganhariam dos tais de “capitãos” que ligavam por celular a toda hora para uma tal de central. Identificadas todas como São Paulo pelo código 011 e por ter um dígito a mais no celular o que não foi difícil perceber.

Uma empresa muito amiga, aceitou nosso desafio e designou funcionários, bem treinados, com cérebro, e se infiltraram em lugares principalmente praças de pedágios. E puderam comprovar tudo o que se disse durante a semana nas redes sociais.

Como a capital São Paulo onde ofereciam 50 reais, em plena rua para participar das tais de “manifestações”. Falsas, ofensivas, cruéis ao movimento natural efetuado em 17 de julho que vai ficar na história e vai movimentar outro para logo para ser o maior da história deste país. Porém não aceitaremos este tipo de “vermes” que “montaram” esta grevinha de aluguel paga para criar uma cortina de fumaça.
No sitio abaixo, ainda está uma gravação.

Muitas gravações foram enviados para Jornais que ainda nos consideramos sérios e duas revistas no Brasil. Alguns colegas com medo de represálias maiores, mandaram com pseudônimos para jornais estrangeiros principalmente Estados Unidos e Inglaterra, para que de lá,  veiculasse através de Redes Sociais. Estas são mais confiáveis que muitos veículos de comunicação de  nosso país, disse-me um colega do Mato Grosso.


A decepção e tristeza de muitos colegas os levaram as lágrimas, ao falarmos por telefone, e diziam que tinham “asco” de escreverem sobre isso. Como se os diminuíssem em suas profissões. Não acreditavam que vinham dinheiro de tais organizações ligadas a governos, em todas as esferas, para fazer isso.
Um episodio, protagonizado no RS:

Em uma praça de pedágio, manifestantes trancaram a passagem.
De um ônibus desceram 6 homens, posicionaram-se a frente, ao lado e na traseira no ônibus e fizeram o motorista, devagar ir furando a fila e eles com seus próprios cintos, amarrados às mãos, como defesa, iam pedindo para afastarem-se todos para o ônibus seguir: Chegaram a cancela, pagaram o pedágio do veículo, e seguiram fazendo a segurança até o veiculo se afastar, depois voltaram a entrar no ônibus sob a vaia dos tais “manifestantes”.
Depois dever isso um supervisor da praça ligou para a direção que decidiu liberar os pedágios.

Pronto, sumiram todos os tais de manifestantes.
Busco em Maquiavelli, novamente, sobre a ganância: “...O desejo de conquista é algo muito natural e comum; aqueles que obtêm êxito na conquista são sempre louvados, e jamais censurados; os que não têm condições de conquistar, mas querem fazê-lo a qualquer custo, cometem um erro que merece ser recriminado...!
E o que mais saiu depois disso transcrevo abaixo , apenas respeitando as fontes,
O Globo localizou diversos jovens que foram pagos durante a mobilização - oglobo.globo.com/pais/centrais-…

Destinação das contribuições pagas a essas quadrilhas.. Impressionado com a notícia da Folha - www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013…
Da mesma fonte:
Manifestantes “ganham” até 70 reais para ir ao ato sindical paulista. Com camisetas da UGT (união geral dos Trabalhadores), espera-se na fila e ainda ganhavam um recibo.
De toda minha indignação, resta-me parafrasear meu pensador maior:

“ (...) não queremos apenas ser compreendidos (...), mas igualmente não ser compreendidos. De forma alguma constitui objeção a u livro ou o fato de alguma pessoa acha-lo incompreensível: talvez isso estivesse justamente na intenção do autor – ele não queria ser compreendido por “uma pessoa”. Todo espirito e gosto mais nobre, quando deseja comunicar-se, escolhe também os seus ouvintes; ao escolhê-los traça de igual modo a sua barreira contra “os outros” (...)  - Friedrich Nietzsche – A Gaia Ciência – Af.381).


Pensar Não Dói.. Mas não ofendam nossa inteligência.

Por Favor!


Tentativas de Entendimentos & Compreensões de um Mundo Louco.
Pensamentos & Leituras da Madrugada.










terça-feira, 9 de julho de 2013

Aprendendo a Morrer!





“... Pois bem, é hora de ir: eu para morrer, e vós para viver.
Quem de nós irá para o melhor é obscuro a todos,
menos a Deus....!”
 Sócrates, citado em Platão.


Para muitos é mais fácil morrer do que ver alguém morrer. Há semanas um ser muito especial me diz: - “... escreva sobre a morte...!”.

Inicialmente pensei na morbidez. Este ser especial deve estar triste. Ou simplesmente querendo entender mais da vida. Não acredito em coincidência. Afinal a morte nos ronda sempre.

Á nós, e aos que estão ao nosso lado. Às vezes, bem do lado. Muito do lado. Uma ex-aluna, uma pequena princesa, perdeu o pai, não faz muito tempo. E não sabemos o que dizer em um momento destes.

Na ultima semana, remeti aos meus amigos um texto do meu escritor preferido, da atualidade brasileira, Rubem Alves – Um Único Momento. O assunto: A morte.

Narrada, como somente ele sabe fazer. Utilizando a metáfora de um rei se transformou em uma crônica linda. Recebi centenas de respostas, que adoraram o texto de Rubem. Mas, que continuavam não entendendo a morte.

 ”.. Nisto erramos: -  diz Sêneca, filósofo latino, do ano 4 antes da nossa era – em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, e quanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence a morte....!”.

 Em meio a todos os e-mails, veio um, em especial. Também ex-aluna, amiga muito querida, minha homônima, e que nos correspondemos muito. Ausente, das correspondências, por um tempo, recebo dela:

“...A dor da saudade, do nunca mais, faz um nó sem explicação na garganta, queima, arde... A sensação do corpo frente a tudo isso é de morte também. Uma morte de uma pessoa viva, uma pessoa que morreu dentro de mim....!”.

Com essa morte, ela perdeu o grande amor que estava vivendo. Então está havendo outra morte: Uma morte em vida, em suas próprias palavras.

Desde o início dos tempos o homem tenta entender a morte. Ninguém o fez tão bem quanto os Gregos. Deturpamos muito, nos séculos seguintes, com as religiões, manipulando seus seguidores, com temores infundados de que, como forma, até de educação dos filhos, Deus castigava e ate “matava”.

Antagônico por origem. Quem cria mata? Em seu texto, Rubem Alves diz: “...Tudo que é belo tem de terminar. Tudo o que é belo tem de morrer. Beleza e morte andam sempre de mãos dadas. Eternidade é o tempo completo, esse tempo do qual a gente diz: "Valeu a pena”...!”.

 Mas porque temos tanto medo da morte? Por que ela nos apavora tanto? Minha amiga Josy, aqui do sul, classificou o ser humano com dois tipos de egoísmo:

Um do tipo: quero somente para mim e o outro o necessário, aquele que nos faz viver, aquele que temos que alimentar, só um pouquinho, porem distinguindo do primeiro.

Sim somos egoístas. Não choramos quem foi, choramos a nossa perda. Aquilo que não temos mais.

Então choramos diariamente. Um chefe que nos incomoda e nos tira do sério e mata nossa luz diária, um amigo que nos trai a confiança depositada e nos deixa mais pobre, morremos porque perdemos confiança em quem amávamos. Um amor que foi embora, de uma forma ou de outra.

Muitos “mortos” continuam vivendo. Ora para um, ora para outro. Sofremos igualmente. Mas quando for um amor e, ainda por cima, não ter mais a vida ao seu lado, então, como diz minha mana, morremos um pouco também, mesmo ainda continuando a respirar.

 Em Poesie Allá morte, no século dezoito, o poeta italiano Cardarelli disse:
“... Morrer sim / não ser agredido pela morte. / Morrer convencido de que tal viagem seja o melhor. / E naquele ultimo instante estar alegre / como quando se contam os minutos / do relógio da estação/ e cada um vale um século...” .

Mas não ajuda minha amada amiga. Não ajuda a entender a não vida. Não ajuda a entender a ausência, o não ter mais. O nunca mais abraçar, beijar, ou poder dizer “te amo”... Não ajuda. Não.

Nietzsche, em seu Zaratustra, disse: “... Atinge-se a verdade, através da descrença e do ceticismo, e não do desejo infantil de que algo seja de certa forma. O desejo da maioria dos seres de estar na mão de Deus não é verdade. É simplesmente um desejo infantil e nada mais. É um desejo de não morrer, um desejo do eterno mamilo intumescido que rotulamos de Deus.“.  É nossa eterna carência.

Quem sabe seja esta a imortalidade que Rubem fala em seu texto. Mas como explicar para quem perdeu alguém e vive em nossa cultura ocidental? Que não preparou ninguém para a vida, muito menos para a morte? Como dizer para minha amiga que perdeu sua paixão e uma vida, que ela está só?

Mas dizendo reconfortantemente? Sabe a resposta? Não. Precisamos aprender a viver para entender a morte. E este é o mais difícil dos jogos. Gosto do que Ronald Laing disse sobre isso:
“... Todos estão jogando um jogo. Todos estão jogando de não jogar um jogo. Se eu mostro a eles que eles estão (jogando), eu posso quebrar as regras e ser punido. Eu preciso jogar o jogo deles, de não ver que eu vejo o jogo...!”. Esta é nossa única aceitação para a morte. Um jogo para ver quem vence. E jogamos conosco mesmo.

Esqueço as horas passarem... À noite esta quieta. É como se ela descesse seu manto por sobre as horas perdidas e do cristal das retinas brotassem pétalas de orvalho que pelo catre se espalha fecundando despedidas...
Mas, vem Nietzsche, novamente: “... A recompensa final dos mortos é não morrer nunca mais...!”.
Para meus amados seres pensantes, os que querem entender um pouco mais e os que perderam algo, digo como diria um poeta, do sul:
Mirando a escuridão que me emociona e me faz retornar a mim mesmo, donde a saudade se aconchega e a lembrança já não pede licença, donde o amor é eterno e a angústia passageira faz morada eternamente junto do coração eu espero a morte. A minha morte.
Enquanto isso se vive. Ou melhor, tenta-se viver, entendendo-a mais. Quem sabe assim a morte não nos choque mais tanto, o tempo todo.
Vou pensar. Não dói! Afinal, não quero perder a ocasião de aprender a morrer.


*Em homenagem aos sentimentos
de Elizete Nobre – Rainha de Ébano


Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo kasal – Vitória – ES –
twitter.com/profeborto